Bancos fecham as portas em 36 cidades baianas, e moradores precisam viajar para sacar dinheiro

 Bancos fecham as portas em 36 cidades baianas, e moradores precisam viajar para sacar dinheiro

Foto: Reprodução

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A cidade de Olindina, no nordeste da Bahia, com pouco mais de 22 mil habitantes, está prestes a ficar sem nenhuma agência bancária física. Até 2018, os moradores contavam com duas agências – uma do Banco do Brasil e outra do Bradesco – além de uma casa lotérica. No entanto, o Banco do Brasil fechou suas portas em 2018 e, agora, o Bradesco também anunciou o encerramento das atividades no município ainda neste mês.

Com o fechamento, a única opção restante será a lotérica local, que já apresenta longas filas e não tem estrutura para atender toda a demanda. Outra alternativa são os chamados “pontos de saque”, comércios que oferecem saques informais mediante o recebimento de pagamentos em dinheiro de outros clientes. A prática, no entanto, é limitada e insegura.

O morador Welinton Pinheiro, que voltou recentemente à cidade, sentiu de imediato o impacto da ausência de um banco físico. “Me indicaram um ponto de saque, mas só consegui metade do valor. Precisei esperar que mais gente pagasse contas no local para conseguir sacar o restante”, relatou.

A situação de Olindina se repete em diversas cidades do interior da Bahia. Entre outubro de 2023 e março de 2024, o Bradesco fechou agências em 36 cidades baianas, segundo dados do Sindicato dos Bancários da Bahia. Pelo menos três delas – Palmeiras, Rodelas e Ipecaetá – já estão totalmente sem bancos físicos, e Olindina caminha para ser a próxima.

De acordo com o sindicalista Ronaldo Ornelas, a estratégia dos bancos tem como foco a digitalização dos serviços e a redução de custos. Porém, ele alerta para as consequências sociais: mais de 50 trabalhadores foram demitidos nesse processo, e comunidades inteiras, especialmente com população idosa e baixa conectividade à internet, estão sendo deixadas de lado.

Outro agravante é que o Bradesco orienta os aposentados a migrarem seus pagamentos para a Caixa Econômica Federal, que também não tem unidade em Olindina. A agência mais próxima fica no município de Itapicuru, a 19 quilômetros de distância – um deslocamento difícil para idosos e pessoas de baixa renda.

A falta de acesso a serviços bancários presenciais não é um problema exclusivo da Bahia. Em todo o Brasil, mais de 5 mil agências bancárias foram encerradas desde 2014. Só em 2024, o Bradesco fechou 380 unidades. A maioria das transações atualmente é feita por meios digitais, como o Pix. No entanto, muitos brasileiros ainda dependem do atendimento presencial, especialmente nas zonas rurais e interiores.

Diante disso, o Procon-BA se reuniu com o Sindicato dos Bancários para avaliar medidas legais contra os fechamentos. O órgão estuda acionar o Ministério Público para defender o direito dos consumidores. Em outros estados, como o Maranhão, a Justiça já determinou a suspensão do fechamento de agências em diversas cidades.

Enquanto isso, moradores como Welinton e sua família precisam enfrentar filas, deslocamentos longos e a insegurança dos serviços informais para simplesmente acessar o próprio dinheiro. “Estamos falando de idosos, pessoas sem internet ou sem conhecimento de aplicativos. Gente que já vive com pouco e agora precisa lutar até para sacar o que é seu”, desabafa.

A seguir, veja a lista das cidades baianas onde o Bradesco já encerrou suas atividades:

Antas, Banzaê, Sítio do Quinto, Coronel João Sá, Itaite, São Félix do Coribe, Javi, Ibitiara, Mucugê, Abaira, Barra do Rocha, Gongogi, Nova Soure, Itapicuru, Botuporã, Valente, Barrocas, Lamarão, Boninal, Cairu, Igrapiuna, Wenceslau Guimarães, Laje, Adustina, Novo Triunfo, Heliopólis, Vera Cruz, Palmeiras, Rodelas, Ipacaetá, Serra do Ramalho, Serra Dourada, Inhambupe, Paripiranga, Paratinga e São Felipe.

Com informações do Correio24horas

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